Missão trem: Delhi x Bangalore

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O primeiro dia terminou com uma caminhada pelas ruas de Vrindavan, e uma mascadinha de Gutkha, que segundo minhas pesquisas e tentativas de traduções, defino como tabaco com noz do que dizem ser de “areca”. Tudo aqui tem tanto sabor, com tanto cheiro, que a minha sensação era de estar mascando perfume. Após assistir uma partidinha de críquete, dormi.
Enfim, fomos para a estação Mathura Junction, para ir pra Delhi. Tanta, mas tanta criança pedindo dinheiro! Galera bombando no hindi e eu só fazendo que não com a cabeça. Meu amigo soltava uns berros que deviam ser “já falei para você ir embora!” E lá iam as crianças embora... Eu nem olhava pro lado pra não sentir pena. Por que se dependesse de ficar dando dinheiro, acho que ia ter que rolar mais um ano de vaquinha.
Chegamos em Delhi com uma missão: achar uma passagem para aquele dia ainda para Bangalore. Peguei um autorickshaw da estação de NIzamuddin para a estação de Nova Deli.
Esperando o trem das 9.
Agora era eu por mim e só. Cheguei naquela estação maluca, menos ruim que as demais as quais havia passado. Tinha a missão de encontrar o tal lugar que turista comprava com cota (para saber dicas detalhadas de como pegar trem na Índia, clique aqui!). No meu Lonely Planet só tinha a informação de que você deveria procurar e não acreditar se te dissessem que estava fechada ou algo do tipo. Anotei as instruções e fui. Andei, e um cara me abordou perguntando aonde eu estava indo. Respondi que era pra comprar passagem para turista. Primeira reação “Turista! Você parece indiana!” Ok, já entendi. E ele me completa com “Hoje é feriado, está tudo fechado... O centro de turista foi pro centro de Delhi... [aham, sei] Mas de que pais você é?” E eu respondi “Brasil”. Cara, pra quem sabe onde é e o que é o Brasil, a cara sempre muda. Ele ficou todo feliz e completou “Pra ir pro centro de turista, sobe as escadas e vira a esquerda.” Das duas uma: ele desistiu de me passar a perna por que o Brasil é legal, ou ele sabe que no Brasil está lotado de espertinho que nem ele. Você escolhe!
Subi as escadas, pra esquerda era um monte de plataforma, ao todo 16. Pra direita me parecia mais um local de que ia ter um escritório de informações turísticas. Nada. Voltei para as instruções iniciais e segui ate o final. Um caminho longo com uma mochila nas costas e super cansada. Mas nas últimas plataformas vi uma placa indicando que de fato esse era o caminho. Segui, desci. Era necessário sair da estação. Esse era o tal lado da estação que eles chamam de Paharganj. Segui as indicações e cheguei lá. Eu acho que já existe a manhã dos taxistas e etc. Deixarem a gente na outra entrada, justamente para esses trambiqueiros nos abordarem. Mas eu subi umas escadas e estava lá. Deus na Terra, sala iluminada, anjos batendo asas.
Entrei, peguei meu formulário e fui para o fim da fila. O formulário já perguntava de onde para onde, dia, classe, tudo. Eu só queria ir, pra mim qualquer classe estava ótimo, da sleeper, até a AC1.
Quando cheguei no guiche, o senhor bigodudo perguntou qual classe e eu respondi que só queria chegar em Bangalore, independente na classe. Ele pesquisou e disse que tinha a AC2 disponível por 2395 rúpias. Fechado! Emitiu a passagem, paguei e lá fui eu, enfrentar mais 7 horas de espera. O trem saía daquela estação às 21:15. Ao todo seriam 40 horas de viagem, cruzando de norte a sul. Ele até me ofereceu um trem mais rápido, mas teria uqe ir para outra estação e rolava a diferença de grana também. Não, obrigada. É bom que eu durmo pra descansar os últimos dias frenéticos de viagem. Desde a estação de Londres que eu não descansava por tempo indeterminado.
Depois de descobrir de onde meu trem saía, fiz como todos os indianos. Arrumei meu mochilão por entre as minhas pernas, abracei a mochilinha com as coisas importantes e tirei aquele cochilo na estação.
Antes de embarcar liguei para Bangalore e falei com o roomate do meu amigo que eu estava por chegar. Assim, dalí dois dias, é claro! Após ouvir aquele: "nossa, que coragem!" voltei para estação e fui embarcar. Bangalore, lá vamos nós!

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